terça-feira, 27 de outubro de 2009

Em tudo, dai graças!


Havia um rei que era ateu. A maior raiva desse rei era um empregado carismático que ele tinha. Diante de tudo o que acontecia, o empregado dizia:

- Deus seja louvado, Deus sabe o que faz e Deus é bom e maravilhoso.

Aquilo irritava o rei, mas ele era um bom empregado e defendia-o, como segurança pessoal. Qualquer coisa que acontecia, boa ou ruim, esse empregado sempre falava:

- Muito obrigado Senhor, louvado seja Deus, aleluia, glória.

Um dia eles foram caçar. Estavam lá no meio do mato quando, de repente, uma fera atacou o rei. O empregado disse:

-Deus seja louvado, aleluia, Senhor!

Foi expulsando a onça, mas não conseguiu impedir que o animal devorasse a ponta do dedo do rei. O rei ficou furioso e ao voltar para o palácio ainda teve de escutar:

-Graças a Deus, louvado seja Deus que a onça foi embora.

-Louvado seja Deus, porque o dedo não é seu! - respondeu o rei. Furioso, quando chegou ao palácio, chamou os guardas e falou:

-Prendam esse homem, ele não me defendeu.

Todos os dias, na prisão, o empregado louvava a Deus. O rei estava sossegado e tranquilo, pois tinha afastado de sua convivência aquele traste de empregado. Passado o susto, alguns dias depois ele foi caçar novamente.

Estava na selva quando foi capturado por índios canibais. Chegou a dizer:

-Eu sou o rei, não podem fazer mal a mim.

Apesar de seus argumentos, foi levado para ser devorado. Puseram um caldeirão no fogo, começaram a dançar e gritar: "Uh, uh, uh." O rei já estava começando a rezar. Quando estava tudo pronto para o sacrifício, um sacerdote chegou para examinar a oferenda. Ao perceber a falta do dedo do rei, libertou o prisioneiro, pois ele não servia como oferenda.

O rei foi para casa e começou a pensar que seu empregado tinha razão. Como podia imaginar? Se tivesse todos os dedos, estaria morto naquela hora. Lembrou-se de que o empregado dissera que Deus podia tirar muias coisas boas a partir de uma coisa ruim.

Percebendo a injustiça que havia cometido, o reio foi pessoalmente libertar aquele homem: - Queria pedir perdão, pois fui injusto. Você tinha razão. Quando estava amarrado para ser sacrificado, pensei nesse seu Deus, e em seu jeito de rezar e louvar, e me arrependi. Mereço seu perdão?

-O que é isso, majestade? Deus seja louvado, que bom que o senhor está vivo, louvado seja Deus, Deus é bom.

-Uma coisa eu não entendo: Deus é injusto.

-Que é isso, seu rei! O senhor não pode falar um negócio desse de Deus! Deus é bom demais, Deus sabe o que faz, e tudo concorre para o bem daqueles que o amam.

-Se Deus é tão bom, e o senhor acredita tanto nele, por que esse Deus permitiu que o senhor ficasse preso e injustamente?

-Eu queria muito louvar e agradecer a Deus, e esse tempo de prisão foi muito bom para mim. Glória a Deus, louvado seja Deus. Foi o tempo de que precisei para me arrepender de meus pecados, pude ler a Palavra, tive sossego para rezar, fiz uma reflexão de toda a minha vida e percebi quantas coisas eu preciso mudar. Vi o quanto Deus é maravilhoso e o quanto ele tem cuidado de minha vida.

-Mas como o senhor me explica essa injustiça de Deus?

-Eu inclusive louvo muito a Deus, porque se não fosse a cadeia eu estaria morto agora.

-Morto?

-Claro, majestade. Meus dedos são perfeitos e, se não estivesse preso, estaria com o senhor. Se eles não comeram o senhor, certamente comeriam a mim.

E assim é a vida. Aquela prisão salvou a vida daquele homem. Não foi a vontade dele. O próprio rei disse: Você esteve jogado em uma prisão injustamente. Mas se você coloca sua vida nas mãos de Deus, Ele é poderoso o suficiente para transformar até prisão injusta em uma fonte de vida e de salvação para você e para toda a sua família. Deus não permite o mal. O mal acontece pelo eogísmo humano, é provocado pela calúnia humana. O mal nós mesmos o provocamos, com nosso jeito de comer, de beber, nosso jeito de dormir.

Nossa ânsia de querer ganhar mais e mais nos leva ao egoísmo humano, à vaidade e à prepotência. Quantos absurdos se fazem no mundo? Quantas pessoas ricas são infelizes? E pessoas com tão pouco, quando se unem, conseguem realizar coisas maravilhosas. Ah, se cada um partilhasse um pouco mais seu dinheiro, seu tempo, sua inteligência! Viver da providência de Deus não é viver na preguiça, é fazer sua parte e confiar em Deus.

Trecho do livro: Buscai as coisas do alto - Autor: Pe. Léo, SCJ.
foto retirada do blog: blog.cancaonova.com/fotosquefalam